As pessoas parecem precisar merecer alguma coisa, ser alguma coisa, ter alguma coisa, para dizer alguma coisa. No fim essas pessoas são as que menos coisas têm a dizer. E que coisas são essas?
Palavras para a alma.
Sim, parece tolo, mas o que uma pessoa cheia de capacidade pode dizer a um ninguém sem perspectivas de futuro?
A princípio parece que o senhor capaz tem tudo a dizer, mas tudo o que diz vai para o lixo da realidade do Zé ninguém.
O senhor capaz do alto de seu orgulho da consciência limpa, vomita sua compaixão hipócrita com palavras vazias de quem só tem coisas para si. Usa do pobre Zé ninguém para mostrar aos outros e a si mesmo como é o senhor benevolente de coração bom, que doa uma migalha de seu tempo tão valioso.
O Zé ninguém ouve aquelas palavras tolas que só servem para o senhor capaz e as esquece antes de virar a esquina, mas o senhor capaz nunca vai esquecer da grande bondade que fez e vai espalhar isso como uma ferida podre. As pessoas vão aplaudir a grande realização do senhor capaz, de como alguém tão melhor que o Zé ninguém, é tão devotado a causa do desgraçado. E aí então, vão presenteá-lo com elogios enganosos como a mentira e o senhor capaz vai recebê-los com uma modéstia prepotente do tamanho do orgulho.
E no fim da carreira do senhor capaz, ele vai ser homenageado com a promessa de ser lembrado pelos seus feitos e pela bondade dedicada ao ninguém, porque o nome do ninguém todos já esqueceram, depois que ele morreu esperando por aquilo que nem mesmo ele conseguia lembrar, como o seu nome.
Ninguém precisava das palavras do senhor capaz.